Análise - Vida Real (Engenheiros do Hawaii)

Vida Real, da banda Engenheiros do Hawaii, é uma das músicas da banda que consigo destrinchar seu entendimento de maneira mais completa. Como o excelentíssimo compositor Humberto Gessinger dificilmente entrega o mapa para entendimento da música em sua real objetividade, cabe a nós, meros ouvintes, obtermos nossas próprias respostas. Vejamos a letra e alguns comentários (a partir do que eu pude absorver) a respeito da letra:



Cai a noite sobre a minha indecisão
O eu-lírico passa por algum debate interno. Ele precisa agir, mas está indeciso, tanto que caiu a noite (passou o dia todo) e ele ainda não sabe como agirá.

Sobrevoa o inferno minha timidez
Aqui eu entendo que o inferno pode estar relacionado a algum pecado, provocado pela timidez. Não precisamente um pecado capital, mas um pecado contra ele mesmo. Também fica claro o motivo de sua indecisão: Abordar/falar/se apresentar para a mulher amada (consideremos o eu-lírico um homem).

Um telefonema bastaria
Passaria a limpo a vida inteira
Ele encontra uma forma de resolver seu problema: uma ligação. A timidez impede que ele se declare frente a frente com ela, porém, pelo telefone (assim como nós usamos as redes sociais hoje) esse problema é reduzido e ele pode desabafar tudo que sente.

Cai a noite sem explicação
Sem fazer a ligação
Mesmo encontrando uma solução ele não age, portanto continua a viver sua indecisão.

Na hora da canção em que eles dizem "baby"
Eu não soube o que dizer
Baby ou bebê é um termo bastante usado para se referir a uma pessoa especial, que ele não identifica, já que não pode chamar sua amada por esse termo, dada a timidez.

Ah...vida real!
Ah... representa um desabafo, insatisfação com a vida real. A vida imaginária, aquela que se passa na mente, nada se compara a realidade vivida.

Esperei chegar a hora certa
Por acreditar que ela viria
Deixei no ar a porta aberta
No final de cada dia
Como ele não criou oportunidade (não a procurou, não ligou), ele espera que ela venha até ele: "Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé."

Cai a noite, doce escuridão
De madura vai ao chão
Os dias continuam passando e ele permanece vivendo a mesma angústia do início da canção. A noite passa a ser sua aliada (doce escuridão) no enfrentamento a todos estes sentimentos. O sentimento inicial de estar apaixonado que estava maduro passa a apodrecer, junto da sua mente.

Na hora da canção em que eles dizem "baby"
Eu não soube o que dizer
Na hora da canção em que eles dizem "baby"
Eu não soube o que dizer

Ah...vida real!
Ah...vida real!
Como é que eu troco de canal?
Mais uma vez ele contesta a realidade e busca mudar de canal, ou seja, viver na imaginação, já que lá ele tem controle sobre o que acontece.

Na hora da canção em que eles dizem "baby"
Eu não soube o que dizer
Na hora da canção em que eles dizem "samba"
Eu não soube o que dizer
Mais uma vez o termo baby que eu citei acima, acompanhado de "samba". Eu entendo que samba seja alegria, felicidade, vida, observado na beleza dos passos do estilo musical. Como ele continua sofrendo, ele permanece infeliz, sem saber o que é felicidade.

Ah...vida real!
Ah...vida real!
Tchau!
Aqui encerra-se apenas a canção, mas também seu sentimento, que neste caso só poderia ser cessado com o esquecimento da vida real (ele viverá apenas em sonhos).

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